7h40 da manhã o despertador toca, mais um domingo que começa mais um dia de trabalho. Arrasto-me até ao WC, faço a barba, lavo-me e arranjo o saco, visto-me e respiro fundo, abro a porta de casa e ai vou eu mais um dia, mais dois jogos me esperam.
Sou o primeiro a chegar ao local de encontro da equipa, o café habitual de onde tantas vezes partimos para tão diferentes locais deste país, aos poucos os colegas chegam, uns de partida para sul, outros como eu preparados para um dia de distrital. Trocam-se piadas e contam-se novidades enquanto se devora um bom pequeno-almoço, logo o relógio avisa que está na hora de partir e assim nos fazemos à estrada não sem antes trocar um abraço e desejos de bons jogos.
Assim começa a nossa viagem, falamos de coisas que não correram bem, dois dos meus colegas tiveram má nota, da falta de motivação e de como se deve encarar a época até ao fim.
Ao fim de algum tempo lá chegamos ao campo da manhã, está frio apesar do sol que brilha mas pouco aquece estar lá no alto, tenho azar, a minha zona de acção fica à sombra, tenho as mãos geladas mas o pior ainda está para vir.
Dois homens do clube da casa ajudam a apanhar as bolas perdidas, e ao verem a sua equipa a ser copiosamente batida resolvem descarregar em cima de alguém, quem poderia ser? Eu claro!
Dos nomes já habituais desta vez fui ameaçado fisicamente que se chama-se o praça da GNR de serviço que ainda levava uns murros, claro que eu não sou pessoa de ficar com medo de ameaças e lá mandei vir o praça para ao pé de mim eles calaram-se, estavam tão maus que pelos visto a presença da autoridade os calou, era sol de pouca dura o praça da GNR devia ser novato e não teve mão neles, quando pedi ao guarda para identificar um dos senhores ele demorou a reagir e quando o fez obteve a seguinte resposta: - “Identificar-me, eu estou num jogo de futebol vou lá identificar-me!”, para meu espanto o guarda comeu e calou, o que vale é que o jogo estava no fim, a equipa da casa foi goleada e os senhores lá desapareceram. Enquanto me preparava para o banho e sair espreitei pela porta e vi o cabo a dar uma descompostura ao dito praça, tudo isto acabou com o praça a bater à porta e a perguntar se eu queria fazer uma queixa-crime, respondi que não, que apenas pedira a identificação daquele senhor para ele ficar sobre a alçada da justiça desportiva. Porque haveria eu de apresentar uma queixa que se perderia pelos tribunais e só serviria para entulhar mais ainda os mesmos?
O almoço foi rápido, afinal há sempre pouco tempo entre os jogos, e um árbitro tem de comer a correr para depois ir para mais uma hora e meia de esforço físico. Desta vez ia e fui observado, mais um factor de pressão apesar de ser pouca mas teve alguma influência nos cartões amarelos devido a protestos, perdi-me um pouco nesse capítulo, na colocação em campo e na colaboração com os árbitros assistentes, demorei um pouco a olhar para eles. O jogo até correu bem e no fim apesar dos amarelos por protestos todos me deram os parabéns, assim fiquei satisfeito com o meu trabalho. Agora só me falta esperar pela nota e continuar a melhorar o já bom trabalho!